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Inflação em Alta: Impactos e Oportunidades para Investidores

Recentemente, a inflação no Brasil voltou ao centro das atenções com a divulgação do IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) de julho, que apresentou uma alta de 0,38%. Este é o maior aumento para o mês desde 2021, um dado que traz preocupações, especialmente após a queda de 0,21% registrada em junho. Segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), a inflação acumulada em 12 meses alcançou 4,5%, colocando o índice no limite superior da meta estabelecida pelo Banco Central para 2024, que é de 3%, com uma margem de tolerância de 1,5 ponto percentual.


A inflação não afeta apenas o custo de vida, tornando os bens e serviços mais caros no dia a dia, mas também impacta diretamente os investimentos. A rentabilidade real, ou seja, o retorno dos investimentos após descontada a inflação, pode ser significativamente reduzida em períodos de alta inflacionária. Nesse cenário, o Banco Central tende a aumentar a taxa de juros, como uma tentativa de conter a pressão inflacionária. A alta da Selic, que atualmente está em 10,50%, encarece o crédito, não incentivando o consumo e, teoricamente, ajudando a controlar os preços.


Por outro lado, quando a inflação está sob controle, o Banco Central tem a possibilidade de reduzir os juros, estimulando o consumo e a atividade econômica. Contudo, a recente decisão do Copom (Comitê de Política Monetária) de manter a Selic inalterada, acompanhada de um comunicado que sugere cautela devido à volatilidade externa, ao dólar elevado, e às expectativas de inflação, indica que um novo aumento dos juros não está descartado. Gabriel Galípolo, diretor do Copom e principal candidato a assumir a presidência do Banco Central em 2025, reforçou essa possibilidade ao alertar sobre os desafios atuais para atingir a meta de inflação.


O último relatório Focus, publicado em 12 de agosto, mostra que a maioria dos economistas prevê que a Selic se manterá em 10,50% até o final de 2024, com uma possível redução para menos de dois dígitos em 2025. No entanto, as expectativas de uma alta já na próxima reunião do Copom, marcada para setembro, têm aumentado. De acordo com os contratos de Opção do Copom negociados na B3, 28% do mercado espera uma elevação de 25 pontos base, enquanto 24% preveem um aumento de 50 pontos base na Selic. Apenas 4% acreditam na manutenção da taxa atual.


A decisão sobre a Selic é crucial para os investidores, pois a taxa básica de juros está diretamente relacionada ao CDI (Certificado de Depósito Interbancário), que serve como referência para a rentabilidade de grande parte dos títulos de renda fixa. Embora os investimentos mais conservadores sejam tributados, geralmente com uma alíquota de Imposto de Renda que diminui com o tempo de aplicação, o cenário de alta da Selic oferece boas oportunidades na renda fixa.




Mesmo com a Selic elevada, é possível encontrar investimentos atrativos tanto em produtos tradicionais, como os CDBs (Certificados de Depósitos Bancários), quanto em instrumentos mais sofisticados de crédito privado. O crédito privado, embora menos acessado pelos investidores brasileiros, pode oferecer retornos superiores, principalmente quando comparado à renda fixa tradicional. Esse tipo de investimento inclui debêntures, CRIs (Certificados de Recebíveis Imobiliários) e CRAs (Certificados de Recebíveis do Agronegócio), que podem ou não ser isentos de Imposto de Renda.


Investir em crédito privado implica em emprestar dinheiro a empresas em troca de uma remuneração, o que significa assumir um risco maior, pois esses títulos não contam com a garantia do FGC (Fundo Garantidor de Crédito). No entanto, com uma análise cuidadosa, é possível buscar rendimentos mais elevados e proteger o patrimônio ao investir em títulos indexados ao IPCA, o que oferece uma proteção adicional contra a inflação.


Além disso, o crédito privado pode ser uma ferramenta eficaz para uma estratégia de geração de renda passiva, oferecendo um fluxo regular de pagamentos, semelhante aos dividendos. Para investidores que buscam segurança com a Selic em alta, a renda fixa continua sendo uma opção sólida, mas explorar o crédito privado com cautela pode aumentar os retornos e diversificar a carteira de investimentos.


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Por Fabio Serrano, CFP®

 
 
 

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